A Balada Literária promove, em doze encontros, um por semana, durante três meses, via plataforma Zoom, uma oficina literária com o premiado escritor João Silvério Trevisan. Construindo o texto, aprimorando a expressão pessoal será realizada todas às quartas-feiras, nos meses de dezembro (2021), janeiro e fevereiro (2022), das 19h30 às 22h30.
Quartas-feiras:
– Dezembro: 1º, 08, 15, 22 (exceto 29);
– Janeiro: 05, 12, 19, 26;
– Fevereiro: 02, 09, 16, 23.
OBJETIVO
A escrita literária tem como característica primordial a utilização de todos os recursos da língua para transfigurar o olhar sobre a realidade e incrementar os modos de expressá-la. Cada olhar é único, assim como cada forma expressiva também é. Esses dois fatores resultam de processos psicológicos complexos que envolvem sentimentos, cujo objetivo básico é a expressão pessoal como forma de autoconhecimento e cujo fim último é a comunicação com o mundo exterior. Não é só quem escreve profissionalmente que se beneficia do melhor uso da língua. Também pode tirar bom proveito qualquer pessoa interessada em desvendar sua interioridade e comunicar-se através desse meios expressivos. Ou seja, não haverá excelência na expressão literária se não colocarmos a mão na massa dos nossos sentimentos. Em última análise, significa que a verdade interior é diretamente proporcional à percepção de quem somos. E quem somos? Um caos a ser decifrado, no qual constam certezas e mentiras, encontros e desencontros, encantamentos e contradições. O mistério de cada pessoa vai na contramão daquele ser ideal que ela pretende ser para si mesma e vender para o mundo. Em resumo, não haverá excelência na expressão literária se não trabalharmos com nossa massa interior cheia de lixo e demônios. Vale dizer: a literatura vive da incompletude e imperfeição que nos são imanentes. Portanto, fazer esta oficina implica disposição para EXPRESSAR o seu mistério pessoal.
CONTEÚDO CONCEITUAL
A literatura busca aprimorar as possibilidades expressivas da língua utilizada. Nesta oficina, serão usadas ferramentas literárias e recursos da língua portuguesa como subsídios aos trabalhos práticos, mediante o conhecimento técnico na criação de um bom texto literário. Serão abordadas:
– prosa e poesia: estruturas narrativas; construção de personagens; estilística; noções de ritmo.
– especialmente poesia: estruturas de versificação e recursos poemáticos, tais como metáforas, imagética, ritmo e musicalidade (rimas, aliterações e assonâncias).
Como as mais diferentes linguagens sempre têm uma equivalência expressiva, através delas se poderá aprimorar caminhos para a criação literária. No sentido de aprofundar a parte conceitual, quando necessário poderão ser apresentados recursos de outras linguagens, como:
– cinema: filmes de longa e curta metragem, vistos no streaming ou nas salas.
– teatro: peças disponíveis virtualmente ou nas salas.
– HQs: desde quadrinhos até graphic novels.
– música popular: canções brasileiras que oferecem bons exemplos do uso de recursos literários, seja na MPB, no rock, no rap, no repente nordestino e outras expressões populares.
– música clássica: a mescla criativa de instrumentos diversos e recursos estilísticos.
Visando contextualizar a expressão literária atual com uma visão de onde começamos e para onde vamos, no primeiro encontro o Coordenador fará uma introdução sobre os “movimentos de vanguarda do século 20” e o legado que deixaram para a literatura contemporânea.
DINÂMICA DE TREINAMENTO:
A função de uma oficina de criação literária é treinar a expressão pessoal através da literatura. Para tanto, meter a mão na massa é o melhor caminho. A partir de temas propostos para estimular a criação, as pessoas participantes serão solicitadas a escrever textos ficcionais ou poemas, como parte desse treinamento.
Paralelamente, participantes serão convidados/as a avaliar cada um desses textos, como parte do treinamento. Debates em grupo são importantes porque favorecem estímulos mútuos e trocas em experiência criativa. O exercício da crítica permite que, ao examinar seus textos em conjunto, o grupo possa trocar ideias e aprimorar a crítica de seus próprios textos através do debate de textos alheios. Para cada texto escrito, um grupo de 3 participantes será responsável pela análise e avaliação, que serão complementadas por debates de todo o grupo. Tudo isso sempre sob orientação do Coordenador.
Para oferecer subsídios ao trabalho criativo, sempre que necessário o Coordenador poderá sugerir ou fazer leituras comentadas de poetas e ficcionistas notáveis, com exemplos de técnicas e recursos pertinentes para aprimoramento da função expressiva no texto literário.
Como estímulo pessoal e treinamento do olhar, ao início de cada encontro serão solicitados fatos poéticos colhidos durante a semana, pelas pessoas participantes. A ideia é que estamos rodeados de poesia, desde que nossa intuição esteja atenta para captar o elemento poético disponível.
JOÃO SILVÉRIO TREVISAN
João Silvério Trevisan exerce atividades profissionais nas mais diferentes áreas artísticas e culturais. Escritor de literatura ficcional, ensaística e infanto-juvenil, tem 13 livros publicados, entre ensaios, romances e contos. Está lançando a 2ª edição ampliada e atualizada de SEIS BALAS NUM BURACO SÓ (A CRISE DO MASCULINO), pela Ed. Objetiva. Sua publicação anterior, em 2019, foi o romance A IDADE DE OURO DO BRASIL (Ed. Alfaguara). Em 2018, saiu a 4ª edição atualizada e ampliada de seu estudo já clássico: DEVASSOS NO PARAÍSO – A HOMOSSEXUALIDADE NO BRASIL, DA COLÔNIA À ATUALIDADE (Ed. Objetiva). Sua primeira obra autobiográfica PAI, PAI (Ed. Alfaguara, 2017), foi finalista dos prêmios Jabuti e Oceanos.
Realizou trabalhos como roteirista e diretor de cinema, dramaturgo e jornalista. Dirigiu o longa metragem cult ORGIA OU O HOMEM QUE DEU CRIA (1971), que ficou proibido durante mais de 10 anos pela ditadura. Já escreveu para os mais importantes jornais e revistas brasileiras, além de vários órgãos internacionais. É tradutor do espanhol e inglês, tendo vertido para o português obras de Jorge Luis Borges, Guillermo Cabrera Infante e Melanie Klein, entre outros.
Desde 1987, vem coordenando concorridas oficinas de criação literária, realizadas em diferentes instituições no Brasil e na internet, pelas quais já passaram mais de uma geração de novos escritores. Foi contemplado com alguns dos principais prêmios artísticos brasileiros, tendo recebido 3 vezes o Prêmio Jabuti, um dos mais reputados prêmios literários do Brasil, assim como 3 vezes o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA), o último deles com seu mais recente romance: REI DO CHEIRO (Ed. Record, 2009).
Várias de suas peças teatrais foram encenadas em diferentes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, tendo recebido prêmios nos Festivais de Teatro de João Pessoa e Campina Grande. Foi contemplado com bolsas da FUNARTE (Fundação Nacional de Arte), Fundação Vitae (São Paulo) e Prefeitura da Cidade de Munique (Alemanha). Recebeu mais de uma vez o Prêmio Estímulo, da Prefeitura de São Paulo, para desenvolvimento de roteiros cinematográficos. Em 2001, foi escritor-residente na Universidade do Texas, em Austin. Seu conto “Dois corpos que caem” compõe a antologia “Cem Melhores Contos Brasileiros do Século 20”.
Sua obra já foi traduzida para o inglês, alemão, espanhol, italiano, polonês e húngaro. Ativista na área de direitos humanos, fundou em 1978 o “Somos”, primeiro Grupo de Liberação Homossexual do Brasil, e foi um dos editores-fundadores do mensário “Lampião da Esquina”, o primeiro jornal voltado para a comunidade LGBT brasileira, ainda na década de 70. Viveu em San Francisco/Berkeley (USA), Cidade do México e Munique (Alemanha). Atualmente reside na cidade de São Paulo.