Para celebrar sua 20ª edição, a Balada Literária tem o privilégio de promover uma nova oficina Literatura: caminhos para a Expressão Pessoal, com o premiado escritor João Silvério Trevisan, homenageado da Balada em 2009. As aulas serão realizadas todas às terças-feiras, de 08 de abril até 24 de junho. O valor de investimento é de R$1.350,00, no pix/boleto ou em até 4x no cartão de crédito. Limite de alunos: 20. Gravações disponíveis para inscritos.

COM A PALVRA, O AUTOR:

O QUE ESTA OFICINA ALMEJA

A literatura é o ápice de expressividade em cada língua e cultura. Mas se expressar com acuidade não é privilégio da profissão de escrever. É uma necessidade quotidiana de qualquer pessoa, porque exige um aprendizado permanente, nas mais diferentes situações da vida. Expressar-se é uma aquisição pessoal e intransferível, que cada subjetividade cria para estar no mundo. Até mesmo o processo de autoconhecimento fica mais difícil se não soubermos expressar a nós mesmos e ao nosso entorno. É o que  a presente oficina buscará aprimora os caminhos da expressão pessoal, através dos recursos que a literatura oferece. Parto da minha própria vida. Foi a descoberta da literatura de Carlos Drummond e Jorge de Lima que induziram um garoto tímido como eu a declamar seus poemas em concursos escolares. Eles me deram a régua e o compasso.

MINHA EXPERIÊNCIA

Tenho uma longa trajetória como escritor, e acho importante que as pessoas conheçam o percurso expressivo de quem escreve profissionalmente. Na oficina, pretendo apresentar aspectos da minha experiência pessoal no trato literário. Abordar não apenas questões relacionadas à escritura dos livros, mas também como a literatura me ajudou a me expressar. Parte da minha vida floresceu em contato com as obras que li. Minha adolescência num seminário católico sofreu uma guinada graças a um livro que li, a ponto de decorar trechos no francês original. Os dois primeiros contos que publiquei quando adolescente e me deram dois prêmios nacionais, foram importantes por oferecer o primeiro impulso à minha vocação literária.

NATUREZA DA OFICINA

Não se trata de curso de extensão universitária. Oficina literária requer mais do que a simples dedicação intelectual. Implica um trabalho de treinamento, com a mão na massa. Também não se trata de um cursinho em 10 lições práticas para bem escrever. Afinal, criar é romper as fórmulas para permitir a criatividade pessoal. Trata-se de aprimorar, através da prosa ou da poesia, a  capacidade expressiva de cada qual. Por extensão, esse treinamento expressivo significa também o aprimoramento da prática de leitura literária. Se conhecemos melhor os recursos da literatura certamente poderemos desfrutar melhor as leituras que fazemos, para nosso próprio proveito expressivo.

ESTRUTURA DA OFICINA:

Haverá duas vertentes básicas nos trabalhos: escrever a partir de exercícios propostos; e debater: todos os textos precisam ser discutidos por todo o grupo. O debate é importante para dar e colher opiniões entre colegas. A crítica aos textos alheios revela-se fundamental para exercitar a crítica ao seu próprio texto, e assim distinguir melhor seus problemas e qualidades. Mas é claro que a opinião alheia pode ser aceita ou não, num clima de muita confiança.

MÉTODOS PRÁTICOS DA OFICINA:

Sempre que necessário, serão apresentados exemplos de autores/as consagradas, para oferecer referências de recursos e técnicas literárias. Também darei exemplos da minha própria obra, para ilustrar dificuldades e soluções encontradas em muitos momentos da minha produção. Compartilhar os bastidores da escritura dos meus livros pode ajudar quem se interessa em escrever ou simplesmente gosta de ler. No geral, será possível conhecer um pouco do embate que um escritor mantém para se expressar da maneira mais fiel possível a si mesmo. Afinal, escrever implica revelar os meandros mais  legítimos do eu.

João Silvério Trevisan é escritor, dramaturgo, diretor e roteirista de cinema, jornalista e palestrante. Em quase 40 anos como coordenador de oficinas literárias, criou um método próprio e formou várias gerações, seja na literatura, seja em diferentes setores   da área intelectual. Tem 15 livros publicados, entre ensaios, romances e contos. É autor de “Devassos no paraíso”, obra clássica multidisciplinar sobre a história da homossexualidade no Brasil. Recebeu três vezes o Prêmio Jabuti e outras três o prêmio A.P.C.A. Em 2018 e 2024, seus dois romances autobiográficos “Pai, Pai” e “Meu irmão, eu mesmo” foram finalistas nos prêmios Jabuti e Oceanos. Em 2023, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Uberlândia.  

Crédito: Luiz Cau